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História

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Foi no dia 8 de Outubro de 1960, em início de ano lectivo, que se realizou a inauguração oficial deste estabelecimento de ensino, então sob a designação de Conservatório Regional de Aveiro.

O seu fundador— Dr. Orlando de Oliveira— personalidade dinâmica, atenta e interventiva na área da educação, exerceu a atividade de professor e o cargo de reitor no Liceu Nacional de Aveiro (hoje, Escola Secundária José Estêvão), e ainda as funções de vereador, responsável pelo pelouro da Instrução e Cultura, na autarquia aveirense. O Dr. Orlando de Oliveira idealizou criar em Aveiro uma academia de música, semelhante às existentes em Coimbra e na Vila da Feira. Porém, para que este projeto se tornasse realidade, era imprescindível e determinante congregar a colaboração de várias entidades nacionais e locais. Pois, devido à simpatia que desde o primeiro momento esta iniciativa granjeou junto das várias entidades contactadas, e nos vários sectores da sociedade aveirense, foi possível ao Dr. Orlando de Oliveira obter a indispensável colaboração, abrindo assim o caminho para a sua concretização. Chegado o momento, terá sido porventura com alguma «surpresa» que o distrito de Aveiro viu surgir no seu seio já não uma academia de música como afinal inicialmente fora divulgado, mas antes um Conservatório Regional de tipo associativo e de carácter particular. Acresce ainda a esta agradável «surpresa», o simbolismo que representa o facto de ter sido este o primeiro Conservatório Regional a ser criado em solo nacional.

Para a história de todo o processo inicial conducente à criação e implementação desta instituição, constituem referências incontornáveis o então Ministério da Educação Nacional (na pessoa do seu Subsecretário, Dr. Baltasar Rebelo de Sousa), a Fundação Calouste Gulbenkian (nas pessoas do seu Presidente do Conselho de Administração, Dr. José de Azeredo Perdigão e da Diretora do Serviço de Música, Dr.ª Madalena de Azeredo Perdigão), o Governo Civil de Aveiro (na pessoa do Dr. Jaime Ferreira da Silva), a Junta Distrital e a Câmara Municipal de Aveiro, e ainda as várias entidades oficiais e particulares, civis e religiosas, que devido ao contributo prestado para o êxito desta iniciativa a ele ficaram indissociavelmente ligadas. Pelo seu invulgar dinamismo, e qualidades pedagógicas, importa aqui exarar um tributo especial à Prof.ª Gilberta Custódia da Costa Gouveia Xavier de Paiva, fundadora e diretora da Academia de Música de Santa Maria (Vila da Feira). Mercê da experiência por esta via adquirida, a Prof.ª Gilberta Paiva converter-se-ia na escolha óbvia para o cargo de Diretora Artística e Pedagógica do recém-criado Conservatório Regional de Aveiro.


Os primeiros anos de existência desta escola constituíram um período crítico do ponto de vista financeiro, que poderia ter comprometido a sua viabilidade. No entanto, nunca tal chegou verdadeiramente a acontecer devido ao atento e pronto auxílio das várias entidades envolvidas na sua génese. A existência de um núcleo de sócios do conservatório e a competente gestão levada a cabo pelos vários órgãos diretivos da escola foram também uma preciosa ajuda no sentido de superar estas dificuldades. Assim, nestes difíceis anos iniciais, é importante salientar o empenho e o contributo prestado pelos Presidentes do Conselho Geral, doutores Álvaro da Silva Sampaio e João Rodrigues Gamboa; pelos presidentes do Conselho Administrativo, doutores Orlando de Oliveira, Ilídio Duarte Rodrigues e Rogério Leitão, Eng.º. Adolfo da Cunha Amaral, Prof. Afonso Henrique Marques Moreira Pereira e Pedro Granjeou Ribeiro Lopes. Neste contexto, mas na gestão da área artística e pedagógica, importa também aqui enaltecer o contributo dos sucessivos Diretores Artísticos e Pedagógicos deste período inicial. A saber, professores Gilberta Custódia da Costa Gouveia Xavier de Paiva, Maria Leonor Teixeira Pulido de Almeida, Jorge Madeira Carneiro, Afonso Henrique Marques Moreira Pereira e Fernando Jorge Ferreira Mendes de Azevedo.

Ao nível estrutural da oferta disciplinar, para além das disciplinas específicas do domínio musical já no ano lectivo de 1960-1961 se ministrava, também, o ensino do Ballet e do Italiano. Fruto de contratos efectuados pelo Conservatório com os Institutos Francês, Britânico, Alemão e Italiano do Porto, tiveram início, no ano lectivo de 1961-1962, o Curso de Francês e, no ano lectivo de 1963-1964, o Curso de Inglês. O Curso de Alemão viria a ser iniciado a partir do ano lectivo de 1964-1965, leccionado por uma professora do Liceu Nacional de Aveiro e, em 1965-1966 por professores ao abrigo de contrato com o Instituto Alemão. Relativamente ao Curso de Italiano, contratado com o respectivo Instituto, o seu início ocorre mais tarde, concretamente no ano de 1973-1974. No entanto, já em 1960-1961, a Prof.ª de Canto, Maria Fernanda de Barros Castro Correia Salgado, leccionava esta disciplina. A vez da disciplina de Português chegaria a partir do ano lectivo de 1968-1969, tendo esta, sido leccionada pela Prof.ª Maria Isabel Martins Delerue. A Pré-Primária regista o seu início no ano de 1964-1965; a Instrução Primária a partir de 1969-1970 e a Ginástica iniciou o seu funcionamento em 1970-1971. O corpo docente que leccionou nesses primeiros anos, pela sua competência e empenho, revelou-se absolutamente determinante para assegurar a existência e continuidade desta escola. Assim, na área da música leccionaram os professores Gilberta Custódia da Costa Gouveia Xavier de Paiva, Maria Leonor Teixeira Pulido de Almeida, Maria Fernanda de Barros Castro Correia Salgado, Maria Melina da Costa Rebelo, Augusto Pereira de Sousa, Ramon Miravall Munné, Emílio Romão Raimundo de Matos, Lígia Ebo, Jorge Madeira Carneiro, Maria Isabel Martins Delerue, Eldoro Augusto de Freitas, Maria Helena Baía Lopes, Maria Antónia da Silva Fonseca, Maria Helena Taxa da Silva Araújo, Armando Dias da Silva Vidal, Dália Lacerda. Em Ballet, leccionaram os professores Madília Braga Dias, Maria dos Anjos Soares Brandão Lobato e Pirmin Trécu (Ballet e Ginástica). Quanto à Pré-Primária, esta ficou à responsabilidade das professoras Maria de Fátima Leitão de Lemos, Fernanda Rito da Silva Conde e Maria Dolores Ferreira Pericão enquanto que pela Instrução Primária ficou responsável a professora Maria Claudette da Silva Gaspar de Melo Albino. Relativamente aos cursos de línguas vivas, leccionaram o Curso de Francês as professoras Maria José Radelet, Marie Louise Costat, Maria Aline Correia da Rocha e Maria Isabel Martins Delerue (Português e Francês). O Curso de Inglês foi ministrado pelos professores Lind Guimarães, Maria Manuela Trindade Ferro, Mary Constance Ferreira, S. J. Oliver, José Eurico da Fonseca Moutinho, Brian Crocket, Christophe Brent, Peter Mackenzie-Smith. O Curso de Alemão foi da responsabilidade das professoras Maria da Conceição Costa e Sousa e Rosine Bayer. Já o Curso de Italiano, foi leccionado pelas professoras Maria Lambo (via Instituto Italiano) e Maria Fernanda de Barros Castro Correia Salgado.

Constituiu um constrangimento adicional, o facto de o conservatório não dispor, à partida, de instalações próprias. Assim, durante os dois primeiros anos lectivos, esta escola esteve instalada provisoriamente no edifício do Liceu Nacional de Aveiro. É só a partir de Outubro de 1962, que passa a ocupar, de forma autónoma, um edifício particular, sito na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, nº 2. Nesse novo espaço, embora os inconvenientes fossem menores do que a permanência no liceu, eram, no entanto, poucas e deficientes as condições do edifício para a instalação de uma escola, razão pela qual continuava a ser uma solução provisória. Mesmo assim, o conservatório manteve-se nestas instalações até ao ano de 1970, altura em que se muda definitivamente para o atual edifício.


Este fora mandado construir de raiz pela benemérita Fundação Calouste Gulbenkian, à qual coube também a escolha da sua localização. As suas instalações foram idealizadas e concebidas tendo em vista os objectivos pedagógicos e artísticos a que se destinavam. A autoria do projeto da nova sede do Conservatório é dos Arquitetos José Carlos Loureiro, L. Pádua Ramos e Maria Noémia Coutinho. No dia 30 de Março de 1971, em cerimónia solene presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Rodrigues Tomás, e na presença do ministro da Educação Nacional, Professor Veiga Simão, do Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Dr. José de Azeredo Perdigão e ainda do Sr. Bispo de Aveiro, foram oficialmente inauguradas as novas instalações do Conservatório Regional de Aveiro de Calouste Gulbenkian.


A partir do dia 1 de Outubro de 1985, esta escola passou a ser um estabelecimento de ensino público, com a designação de Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian, por oposição ao anterior estatuto de estabelecimento de ensino particular, no âmbito do qual se designava Conservatório Regional de Aveiro de Calouste Gulbenkian. Esta alteração foi decretada pelo Governo mediante a publicação da Portaria nº 500/85 de 24 de Julho, e pretendeu salvaguardar a continuidade da obra pedagógica, artística e cultural, que desde 1960, vinha sendo desenvolvida em Aveiro por este estabelecimento de ensino. Tornava-se pois necessário incrementar a prossecução das catividades do ensino da Música nesta região, tendo em conta o interesse e espírito de colaboração demonstrados pela Câmara Municipal desta cidade e consideradas as vantagens de alargar a rede escolar do ensino artístico. Os números assim o confirmam. No ano lectivo de 1960-1961 frequentaram o conservatório 132 alunos. Presentemente, o número de alunos que frequentam o Conservatório é 600 (aproximadamente).

Entretanto, no dia 8 de Outubro de 1985, precisamente 25 anos após a inauguração do Conservatório Regional de Aveiro, o seu moderno edifício foi doado pela Fundação Calouste Gulbenkian, sua proprietária, à Câmara Municipal de Aveiro.
Ao longo destes 50 anos foram muitos, os alunos que neste conservatório iniciaram e concluíram os seus estudos musicais; que nesta área prosseguiram estudos superiores e na qual desenvolveram e desenvolvem a sua atividade profissional, alguns, ocupando mesmo posições de grande relevo. Também foram muitos os alunos que tendo frequentado este estabelecimento de ensino, cumpriram o percurso parcialmente. Pois também aqui, é nossa convicção que a missão foi uma vez mais cumprida e que, mesmo desta forma, foi dado um importante contributo no sentido de elevar o nível cultural e artístico das populações da região de Aveiro. É nosso entendimento, que o efeito do benefício assim obtido, repercutir-se-á duradouramente através de vários mecanismos sociais e numa multiplicidade de níveis, cujo retorno reverterá sempre a favor dos princípios e objectivos primordiais.


Finalmente, eis-nos chegados a este momento deveras especial, em que o Conservatório comemora os seus 50 anos de atividade, ano letivo 2010/2011. É oportuno reafirmar aqui o firme propósito de pretendermos continuar a corresponder às nobres expectativas e aos interesses artísticos e culturais da população de Aveiro, em colaboração com as várias entidades da região, desta forma honrando e dando continuidade à missão idealizada e iniciada pelo seu fundador. Cumpre-nos pois, deixar uma palavra especial de agradecimento e apreço aos pais que confiam os seus filhos a esta instituição, aos alunos que cá estudam e respectiva Associação de Estudantes, à Associação de Pais, ao seu Corpo Docente e Funcionários, às entidades oficiais e particulares, civis e religiosas, desta cidade, e a todos os que dia após dia durante estes 50 anos fizeram do Conservatório o que ele foi e é hoje: um organismo vivo, cativo e dinâmico.

Pesquisa e texto: Henrique Neto
Professor do Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian